30 de maio de 2014

Plano de Organização da Divisão de Voluntários Reais do Príncipe (30MAI1815)

PLANO DE ORGANIZAÇÃO DA DIVISÃO 
[30 de Maio de 1815]

Composta da 1.ª e 2.ª Brigada de Voluntários Reais do Príncipe, cada composta de:

2 Batalhões de 8 Companhias cada
3 Esquadrões de Cavalaria
1 Companhia de Artilharia

EM Divisão, 7
EM Brigadas, 10
Estado Completo dos 4 BatInf, 3632
EC Cavalaria, 894 (800 cavalos)
EC Artilharia, 252
Musicos, 36
TOTAL, 4832 homens e 800 cavalos


Tenente General Carlos Frederico Lecor
Comandante em Chefe (il.: Sanson)
Estado Maior da Divisão
1 Tenente General, Comandante em Chefe
1 Ajudante general & Secretário Militar (Oficial general)
1 Quartel Mestre General (Brigadeiro)
2 Oficiais de Engenheiros
2 Auditores Encarregados (Intendências dos Víveres + Bagagens)
Total, 7

Estado Maior de uma Brigada
1 Brigadeiro
1 Major de Brigada
1 Ajudante de Campo (Tenente)
1 Cirurgião Mor de Brigada (grad. Major)
1 Capelão
Total, 5

Estado maior de um Batalhão de 8 Companhias
1 Tenente-Coronel comandante
2 Majores
1 Ajudante
1 Quartel Mestre
2 Cirurgiões Mores (grad. Capitães)
1 Ajudante Sargento
1 Quartel Mestre Sargento
1 Corneta Mor (grad. 1.º sargento)
1 Coronheiro
1 Espingardeiro
Total, 12

Soldado de Infantaria da DVRP
(ilustração de Ivan Washt Rodrigues)
Composição de uma Companhia do Batalhão
1 Capitão
1 Tenente
2 Alferes
1 1.º sargento
4 2.º Sargentos
1 Furriel
6 Cabos de Esquadra
6 Anspeçadas
2 Cornetas
88 Soldados
Total, 112

Total das 8 Companhias, 896
Total de um Batalhão com o seu Estado Maior, 908
Total dos dois Batalhões de Infantaria de uma Brigada, 1816

Corpo de Cavalaria composto de 6 Companhias, pertencendo a uma Brigada

Estado Maior
1 Tenente-Coronel (3 cavalos)
2 Majores (4 cavalos)
1 Ajudante (1 cavalo)
1 Quartel Mestre (idem)
1 Capelão (idem)
2 Cirurgiões Mores (grad. Capitães) (2 cavalos)
1 Picador (grad. Tenente) (1 cavalo)
1 Ajudante Sargento (idem)
1 Quartel Mestre Sargento (idem)
1 Trombeta Maior (idem)
1 Seleiro (idem)
1 Coronheiro
1 Espingardeiro
Total, 15 homens e 16 cavalos

Entrada em Montevidéu (1817) (il.: Gilberto Bellini)
Composição de uma Companhia de Cavalaria
1 Capitão
1 Tenente
1 Alferes
2 Sargentos
1 Furriel
4 Cabos de Esquadra
4 Anspeçadas
1 Trombeta
1 Ferrador
48 Soldados montados
8 Soldados a pé
Total, 72 homens e 64 cavalos

Total das seis Companhias, 432 homens e 384 cavlos
Total do Corpo de Cavalaria de uma Brigada, 447 homens e 400 cavalos

Corpo de Artilharia pertencente à Divisão, composto de duas Companhias com quatro bocas de fogo cada uma, a saber, três peças de calibre 6 e um Obuz de 6 polegadas

Estado Maior
1 Oficial Superior
1 Ajudante
1 Quartel Mestre
1 Ajudante sargento
1 Quartel mestre Sargento
1 Corneta Mor
2 Ferreiros
2 Serralheiros
2 Carpinteiros de Machado
2 Carpinteiros de Obra Branca
Total, 14

Composição de uma Companhia de Artilharia
1 Capitão
1 1.º Tenente
3 2.º Tenentes
1 1.º Sargento
2 2.º Sargentos
2 Artífices de Fogo
1 Furriel
6 Cabos de Esquadra
2 Cornetas
100 Soldados
Total, 119

Total das duas Companhias, 238
Total do Corpo de Artilharia, 252

Banda de Música para uma Brigada
2 Mestres
16 Músicos
Total, 18

Total de Musicos para a Divisão, 36

Relacionadas:
 "Entrada em Montevidéu - 20.1.1817"

25 de maio de 2014

Do Douro a Toulose: A Porta Lateral

Igreja de Malhadas, em Trás os Montes.
"A Porta Lateral", Blogue Do Douro a Toulose, 25 de maio de 2013.
http://18131814.blogspot.pt/2013/05/a-porta-lateral.html (In English, here)

Acerca da passagem do Marechal de Campo Carlos Frederico Lecor por Malhadas, 10 km a ocidente de Miranda do Douro, e da sua brigada portuguesa da 7.ª Divisão, antes do início da campanha de Vitória, menos de um mês depois.

Coloco aqui especialmente um artigo acerca de Lecor, mas existem mais artigo interessantíssimos acerca das campanhas do exército Português em 1813 e 1814 no blogue original: Visitem e apoiem:

Do Douro a Toulose

9 de maio de 2014

O Assento de Baptismo

«Aos vinte dias do mes de Outubro de mil settecentos e secenta e quatro nesta Parochial Igr.ª de Santoa baptizei, e pus os Santos Oleos a Carolus, que nasceo aos seis dias do prezente mes filho legitimo de Luis Pedro Lecor baptizado na freg.ª de S. Eustaquio da Cidade de Paris, e de Quiteria Luiza Marina Le Cor baptizada na freg.ª de N. Senhora da Conceiçam de Villa Nova de Portimam Reyno do Algarve, e recebidos nesta freg.ª de Santos, e nella moradores na rua do Pe de Ferro desta freg.ª. foi padrinho Carolus Fredirico Crusse morador na rua direita dos Pardais, e Madrinha por procuraçam D. Littoria Berarda Marianna Crusse [D. Victória Berarda de que fis esse assento que assignei dia, era ut supra.
O Cura Manuel dos Santos Leal»

Fonte: Arquivo Distrital de Lisboa, cota PT/ADLSB/PRQ/LSB37/001/B22 - f. 138

8 de maio de 2014

Pequena biografia: Jorge Frederico Lecor (1771-1822)

Brigadeiro J. F. Lecor, 1817
(óleo de Joaquim Leonardo da Rocha,
Museu da Quinta das Cruzes, Funchal)
JORGE FREDERICO LECOR, quarto filho de Luiz Pedro Lecor e D. Quitéria Luísa Marina Lecor, nasceu, muito provavelmente, em 1771, ainda em Lisboa, no bairro de Santos-o-Velho. 
Muda-se para Faro com a sua família algures na década de 1770. Com apenas 17 anos, a 10 de Março de 1788, “sentou praça de voluntário e jurou bandeiras” no Regimento de Infantaria de Faro, aquartelado então em Tavira. A 16 de julho do ano seguinte, passa ao Regimento de Artilharia do Algarve, em Faro, junto à família. Embarca em 1793 com os irmãos, João Pedro e António Pedro, também cadetes, e as três companhias de artilheiros de Faro para a Catalunha onde participa nas operações do Exército Auxiliador. Cai prisioneiro de guerra dos franceses, em 1794, durante nove meses. A 7 de outubro de 1795, após retornar de França, é promovido a 2.º Tenente da 8.ª companhia de artilheiros do seu regimento. Está, durante o ano de 1797, no acantonamento do Alentejo. Durante este ano, a 11 de outubro casa-se, por procuração, com D. Germana Guilhermina  Máxima Buys, sua prima, na Ermida de Pé da Cruz. Cinco anos depois, a 6 de novembro de 1800 passa no mesmo posto de 2.º Tenente à companhia de Bombeiros [observadores de artilharia]. Quatro meses antes, nasce o seu primeiro filho, também Jorge Frederico. Participa na campanha de 1801, nas praças de Castro Marim e Vila Real, e depois no Alentejo. A 14 de outubro de 1801, é promovido a 1.º Tenente da 6.ª companhia de artilheiros, onde se mantém por três anos. 
Igreja do Pé da Cruz, Faro,
onde se casou, por procuração, em 1797

A 15 de agosto de 1805, é promovido a Sargento Mor Ajudante de Ordens do novo Vice-Rei da India, o Conde de Sarzedas, D. Bernardo José Maria Lorena e Silveira. Chegou a Goa, com o Vice-Rei, no dia 27 de maio de 1807. Por patente do Vice-Rei, de 1 de setembro de 1808, é nomeado Governador de Damão, sendo graduado em Tenente Coronel. Três anos depois, em 1811,  parte de Goa para o Brasil, dias antes de 15 de dezembro, mas a 17 de dezembro de 1811, é graduado em Coronel do Regimento de Artilharia de Goa. 

Em 12 de Outubro de 1814  é nomeado Coronel comandante do Corpo de Artilharia da Madeira É graduado a Brigadeiro a 12 de outubro de 1814. Feito comendador da Real Ordem Militar de S. Bento de Aviz a 13 de maio de 1815, a 22 de janeiro de 1818 é promovido a Brigadeiro efetivo. Em 1820 é participante activo, já Brigadeiro, no movimento Constitucional madeirense.  Morre, precocemente, a 22 de Setembro de 1822, aos 51 anos.

Casado com D. Germana Guilhermina Lecor, deixou profícua descendência, contando eu pelo menos 4 filhas, todas elas casadas com distintos cavalheiros madeirenses: Guilhermina Máxima Lecor; Matilde Eufémia Lecor; Maria Emília Lecor & Henriqueta Aurora Lecor.


Postagens antigas sobre Jorge Frederico Lecor:
- Biografia (feita em 2008, obsoleta):  http://lecor.blogspot.pt/2008/04/carlos-frederico-lecor.html

7 de maio de 2014

Pequena biografia: António Pedro Lecor (I Parte: 1768-1828)

Largo da Sé, em Faro (fonte: wikicommons)
ANTÓNIO PEDRO LECOR, terceiro filho de Luiz Pedro Lecor e D. Quitéria Luísa Marina Lecor, nasceu a 6 de Setembro de 1768, em Santos o Velho, Lisboa, apesar de, por alguma razão, ter sido baptizado na paróquia vizinha de Alcântara, 22 dias depois. Muda-se para Faro com a sua família algures na década de 1770. Com 18 anos, a 10 de Março de 1788, e dois meses após o seu irmão Jorge Frederico, alista-se como voluntário no Regimento de Infantaria de Faro, aquartelado então em Tavira. Durante esse período, e durante um ano, frequenta a Aula Regimental de Tavira, onde estudou os dezasseis livros do curso matemático de Bellidor, tendo sido admitido ao estudo de fortificação de Antoni. Passa ao Regimento de Artilharia do Algarve, em Faro, também como o irmão, a 16 de julho do ano seguinte. Embarca na nau S. António, em Lagos, em 10 de agosto de 1793 com os irmãos, João Pedro e Jorge Frederico, também cadetes, e as três companhias de artilheiros de Faro para a Catalunha onde participa nas operações do Exército Auxiliador. Na Catalunha ou Roussilhão, sofre ferimentos não especificados que fazem com que seja afligido de uma moléstia nervosa, que mais à frente, lhe impede a mobilidade e independência pessoal. Antes ainda de retornar às sede do seu regimento, é promovido a 2.º Tenente da 4.ª companhia de artilheiros a 31 de outubro de 1795. A 16 de novembro de 1800 passa no mesmo posto à companhia de sapadores e mineiros. Em 1803 é colocado numa lista de incapazes, mas apenas a 17 de dezembro de 1805 passa à reforma. A 20 de setembro de 1808, no entanto, é promovido a 1.º Tenente agregado da Companhia de Artilharia Fixa de Faro, recebendo a carta patente a 2 de janeiro de 1812. Apesar da sua moléstia crónica, que o impede de fazer uso das mãos, é promovido , na promoção geral de 24 de junho de 1815, a Capitão, assistente do Ajudante General da Divisão de Voluntários Reais do Príncipe, mas não acompanha a divisão para o Brasil, sendo promovido a Sargento Mor Governador da Praça de Faro a 28 de maio de 1816. Mantém-se neste cargo até 1828, apesar de se apresentar, em 1824, “muito doente e magro”, “débil” e “incapaz de todo o serviço”.

(Ainda por continuar)

Leia também:
- Acontecimentos em Faro, 1828

6 de maio de 2014

Pequena biografia: João Pedro Lecor (I Parte: 1766-1816)

Sé de Faro, onde João Pedro se casou em 1804.
(fonte: Wikicommons)
JOÃO PEDRO LECOR, segundo filho de Luiz Pedro Lecor e D. Quitéria Luísa Marina Lecor nasceu a 7 de outubro de 1766, em Santos-o-Velho, Lisboa, na rua São João da Mata. Muda-se para Faro com a sua família algures na década de 1770. Alista-se por volta de dezembro de 1792 ou Janeiro de 1793, no Regimento de Artilharia do Algarve, com quartel em Faro, sendo soldado da 5.ª companhia de artilheiros. Oito meses após assentar praça, é nomeado cadete (muitas vezes dito também sargento-cadete), apesar de ter mais 4 anos que a idade estabelecida no decreto de 1757. Embarca na nau S. António, em Lagos,  em 10 de agosto de 1793 com os irmãos, António Pedro e Jorge Frederico, também cadetes, e as três companhias de artilheiros de Faro para a Catalunha onde participa nas operações do Exército Auxiliador. Cai prisioneiro de guerra dos franceses, em 1794, e permanece em cativeiro na área de Toulose por dez meses. A 7 de outubro de 1795, e de volta à sede do regimento, é graduado em 2.º Tenente. Vai a 1 de abril do ano seguinte como Tenente na Legião de Tropas Ligeiras, na 4.ª companhia de infantaria. No entanto, por alguma razão, acaba por voltar logo em seguida para o regimento de Artilharia do Algarve, ficando como 1.º Tenente da 4.ª companhia de artilheiros. No ocaso do século XVIII, a 13 de fevereiro de 1800, é graduado em Capitão, em atenção ao serviço prestado na Campanha do Roussilhão e Catalunha, e aos prejuízos sofridos enquanto esteve prisioneiro dos Franceses, mantendo o exercício de 1.º Tenente da 4.ª companhia. A 28 de julho de 1804, João Pedro casa-se com Brigida Leonor da Fonseca, na Sé de Faro. Um ano depois, a 17 de dezembro é promovido a Capitão efetivo, comandando a 6.ª companhia de artilheiros. Durante a primeira invasão Francesa, entre finais de 1807 e 1808, pede a demissão do Regimento de Artilheria n.º 2, indicando numa carta de 1814 que foi o único oficial que o fez. Aquando do levantamento anti francês e criação da Junta em Faro, a 22 ou 23 de junho de 1808, foi empregue como enviado da Junta, com o seu primo Tenente Coronel António Pedro Buys, à esquadra inglesa e depois a Cadiz e Gibraltar, por forma a adquirir víveres, armas e munições.
Albufeira (fonte:wikicommons)
A 17 de novembro de 1809, é promovido a Sargento Mor Governador da Praça de Albufeira, 35 quilómetros a oeste de Faro. Permanece nesse cargo durante a Guerra Peninsular e bem até 1815. Queixa-se bastante do pouco rendimento que obtém do seu posto, tendo em atenção à pouca movimentação portuária. Em 22 de junho de 1815, é nomeado para Tenente Coronel Ajudante de Ordens principal do seu irmão, Tenente General Carlos Frederico Lecor, na Divisão de Voluntários Reais do Príncipe. Participa na organização desta unidade para intervir no Reino do Brasil. Embarca, com todo o estado maior e a infantaria da Divisão, a 20 de janeiro de 1816, chegando ao Rio de Janeiro a 30 de março.

Postagens antigas sobre João Pedro Lecor: 
- "Coisas que nunca mudam" (1814):  http://lecor.blogspot.pt/2008/05/coisas-que-nunca-mudam.html
- Biografia (feita em 2008): http://lecor.blogspot.pt/2008/03/joo-pedro-lecor.html

2 de maio de 2014

Aqui Nasceu Lecor.

Bairro de Santos-o-Velho (será o novo no Brasil?). Então Rua, hoje Travessa, Pé de Ferro. Aqui nasceu, em 6 de Outubro de 1764, Carlos Frederico Lecor, filho de Louis Pierre Lecor e de D. Quitéria Luísa Marina, afilhado do seu tio Carlos Frederico Krusse (que lhe deu os dois nomes próprios) e da sua tia D. Vitória Berarda Marciana Krusse.

Aqui vos deixo três fotos que tirei há umas semanas:


foto 1: um das duas secções da actual travessa,
a mais afastada da Rua de Trinas (de Mocambo)

foto 2: Entrada na travessa pela Rua de Trinas

foto 3: Vista do Tejo, na Rua de Trinas, mesmo à entrada da Travessa onde Lecor nasceu.