22 de dezembro de 2017

'Austerlitz em Vila Viçosa': O Brinco do Monte da Aboboreira (19 de fevereiro de 1806)



Em 19 de Fevereiro de 1806, à vista do chafariz da Atalaia, onde hoje em dia se encontram os limites dos distritos de Évora e Portalegre, levou-se a cabo o Brinco do Monte da Aboboreira, manobras militares na presença do príncipe regente D. João, simulando a batalha de Austerlitz, grande vitória de Napoleão sobre os russos e os austríacos, combatida a 3 de Dezembro de 1805.

Participaram os seis regimentos de Infantaria da província, assim como os seus três regimentos de Cavalaria e a Artilharia de Estremoz, e tudo aconteceu num só dia, retornando as tropas aos seus quartéis acabada a revista final.
“Junto à Asseca ha um monte que lhe chamão Castellos Velhos [Castelinho] he aonde se postou a peça que deu um tiro quando se avistou El-Rei o Sr. D. João 6.º que vinha de V.ª Viçosa a assistir ao brinco, e tambem (ver a) tropa formar e entrar nos seus lugares, aonde estava um passadiço [he a ponte de madeira] para mostrar uma passagem e ataque das tropas que passárão na Catalunha”. Elvas, 22.9.1863 (Chaby)
Príncipe Regente D. João, 1806 (Domingos Sequeira)

No monte de Castelinho, ou Castelo Velho, disparou-se uma peça ao se avistar S.A.R. o Príncipe Regente que vinha de Vila Viçosa para assistir ao Brinco. Nesse monte esperava-o um barracão. Lá dentro, sobre a mesa, o mapa do terreno e o plano do brinco.
“O Principe e sua esposa foram n’um dos coches do paço, seguidos da corte, e com ella o Marquez de Ternay. O Príncipe trajava farda encarnada bordada a ouro; a Princeza também d’encarnado.[...] A pouca distância do monte de Abebreira apearam-se suas Altezas, e cavalgaram dois formosos cavallos brancos e dirigiram-se ao dito monte, e d’alli ao do Castello-velho.Chegando aqui deu-lhe salva toda a artilharia.” (Almada, 1862) 

Começa o Brinco!
O Marquês de Alorna, que havia idealizado o Brinco, mandou dar sinal para começar a batalha. 
“O Marquez d’Alorna dirigiu as manobras, acompanhado dos ajudantes d’ordens Lecor e Carché [possivelmente, João Tomás Bocaciari], tendo por clarim d’ordens um preto vestido com o uniforme da Legião.” (Almada, 1862)
Na parte ocidental do campo, a mais próxima de suas Altezas Reais, que assistiam do alto, iniciou-se a ação com uma companhia de caçadores do 1.º Regimento de Infantaria de Elvas reconhecendo o campo do flanco direito, encontrando-se com a companhia de caçadores do 1.º Regimento de Infantaria de Olivença, ou de Mestral. 
“Começou a acção sahindo os caçadores do Regimento do flanco esquerdo D [1.º de Elvas] reconhecer o campo do flanco direito do 1.ª Regimento A [1.º de Olivença, ou Mestral] encontrárão-se com os do ditto Regimento que foram por estes repelidos [...]” (Wiederhold)
A cavalaria da divisão do Sul, 2 esquadrões de Cavalaria d’Olivença, carrega para desembaraçar os caçadores, tendo a imediata resposta dos 2 esquadrões de cavalaria d’Elvas, da divisão do Norte. 

Deu-se então combate e, dado um sinal, todos se retiraram, começando então as duas linhas a fazer fogo; do Norte, sem ordem, e a do Sul, por quartas partes de pelotão. 





Ponte sobre a Ribeira de Mures
O Brigadeiro Barão de Wierderhold (Bernardino Guilherme Held Wiederhold, 1753-1810), que nos legou a sua descrição do brinco duas semanas após este ter tido lugar (ler em baixo), refere que “como o fogo era muito vivo por causa do demasiado fumo”, não era possível ver nada. 
Quando o fumo dissipou, estava em marcha a passagem da ponte de madeira expressamente construída sobre a ribeira de Mures, para este Brinco.
q[uan]do extincto vio-se a segunda linha [divisão do Sul] em retirada fasendo três columnas para passarem a ponte [...]. Passou a columna do centro com 6 homens de frente e as outras duas por quartos a direita e a esquerda e logo que passaram a desfiladeiro começaram [a] metter em batalha pela Vanguarda [Wiederhold]
A passagem da ribeira de Mures, pela ponte e por vaus laterais, fez-se com tal calor que um oficial de artilharia de Estremoz se feriu com a espada, tal era a sua precipitação, informando-nos os Annaes de Elvas que esse facto teve influência na substituição de espadas direitas por curvas.
A peleja simulada “inflamou de tal sorte os pelajadores que muitos chegarão a carregar com pequenas pedras as Espingardas” [Annaes]
Depois das duas divisões terem passado a ponte, “uma vencida e outra vencedora”, foram-se postar os regimentos em linha  no campo a sul da ribeira e desfilaram perante o Príncipe Regente.  Wiederhold refere que não houve tempo para a recriação da segunda parte da batalha de Austerlitz, em que a segunda linha (do Sul) retoma a ponte.

Num cabeço junto à primeira linha, que formou junto à ponte, estava a choça de Napoleão. Depois de terem passado por sua Alteza Real Príncipe D. João, as tropas recolheram-se aos seus quartéis. 

Croqui do brinco do Alto da Abororeira (Wiederhold, 12.2.1806)

Algumas semanas depois, o Barão de Wiederhold, escreve um memorial do Brinco que acompanha o cróqui em cima.
“Postárão-se os seis regimentos em linha de Batalha como as figuras da 1.ª posição o mostrão. Começou a acção sahindo os caçadores do Regimento do flanco esquerdo D reconhecer o campo do flanco direito do 1.ª Regimento A encontrárão-se com os do ditto Regimento que foram por estes repelidos, sahiram socorrer aquelles os dous esquadrões de Cavalaria G pelos flancos do Regimento E e encontrarão-se com estes; viérão os dous esquadrões G H travou-se o combate athé certo signal ou ordem nos quatro esquadrões e as duas companhias de Caçadores que retiraram. Começárão as duas linhas a fazer fogo, a primeira linha [Divisão do Norte] sem ordem e a segunda [Divisão do Sul] por quartas partes de pelotões; como o fogo era muito vivo por causa do demasiado fumo ignoro o que se praticou, q[uan]do extincto vio-se a segunda linha em retirada fasendo três columnas para passarem a ponte ao pé da letra G. Passou a columna do centro com 6 homens de frente e as outras duas por quartos a direita e a esquerda e logo que passaram a desfiladeiro começaram [a] metter em batalha pela Vanguarda a primeira linha na retirada da segunda apareceo tendo a sua direita feito um oitavo à esquerda, de sorte que a direita ficou cobrindo o seu flanco esquerdo; passou a ponte vencido sempre fazendo fogo. A Artilheria trabalhou conforme o permettia a occasião, depois d’as duas linhas terem passado a ponte uma vencida e outra vencedora, foram no segundo campo postados os Regimentos em linha de Batalha. S. Altª R.al estava entre o flanco esquerdo da primeira linha e o direito da segunda. Esta começou a fazer quartos por pelotões a esquerda para passar pela frente do R.al S.nr e a primeira linha apoz esta por quarto à direita e a Artilheria na posição em que esta foi também fazendo os seus quartos nos lugares competentes, e depois de terem passado pela frente de S. A. R.al recolherão-se as tropas a quarteis. Em um cabeço junto à primeira linha estava a choça de Napoleão. O tempo não deo lugar a vereficar-se o que succedeo na Batalha de Austerlitz na tomada da ponte pela segunda linha vencida. B. de W (…), 10 de março” 
Fonte: AHM 3-05-04-08-24

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Ordem de Batalha do Brinco do Monte da Aboboreira

1.ª LINHA (OU DIVISÃO DO NORTE)
Coronel António José de Miranda Henriques
- (A) 1.º Regimento de Infantaria de Olivença, ou de Mestral [Inf 3]
- (B) Regimento de Infantaria de Campo Maior [Inf 20]
- (C) 2.º Regimento de Infantaria de Olivença [Inf 15]
- (H) Regimento de Cavalaria de Elvas [Cav 8] – 2 esquadrões
- (J) Regimento de Cavalaria de Évora [Cav 6] – 2 esquadrões
- (L) Regimento de Artilharia de Estremoz [Art 3] – 1 bataria

2.ª LINHA (OU DIVISÃO DO SUL)
Coronel José Carcome Lobo
- (D) 1.º Regimento de Infantaria de Elvas, ou de Bastos [Inf 5]
- (E) Regimento de Infantaria de Serpa [Inf 22]
- (F) 2.º Regimento de Infantaria de Elvas, ou de Mexia [Inf 17]
- (G) Regimento de Cavalaria de Olivença [Cav 6] – 2 esquadrões
- (L) Regimento de Artilharia de Estremoz [Art 3] – 1 bataria


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Pesquisas de Cláudio de Chaby em 1863

57 anos depois destes acontecimentos, Cláudio Bernardo Pereira de Chaby (1818-1905), pesquisando os eventos, encontrou um veterano de artilharia que lhe facultou informação de memória:
“Só pude descobrir hum velho no B.am de Veteranos que me disse informações, do que pretende saber, e forão por elle dadas com tanta prontidão e segurança que as devo julgar exactas, elle sendo praça d’Art.ª d’Elvas assestio a tal função”. (carta de Chaby, 12.9.1863)
O veterano confirmou a Chaby que o 3.º marquês de Alorna foi o comandante, assim como confirma o nome dos comandantes das 2 linhas em confronto. Não se lembra especificamente se a Cavalaria de Évora assistiu, a que comentamos que de facto participou com dois esquadrões, e, por fim, que a 'brincadeira' teve lugar 4.ª feira de cinzas.

Com base nesta sua visita ao local, Cláudio de Chaby recupera alguns dos elementos do brinco, com a referência que um dos maiores interesses era ver em ação os regimentos que estiveram na Campanha do Rossilhão e Catalunha, há uma década atrás:
“Junto à Asseca ja um monte que lhe chamão Castellos Velhos [Castelinho?] he aonde se postou a peça que deu um tiro quando se avistou El-Rei o Sr. D. João 6.º que vinha de V.ª Viçosa a assistir ao brinco, e tambem (ver a) tropa formar e entrar nos seus lugares, aonde estava um passadiço [he a ponte de madeira] para mostrar uma passagem e ataque das tropas que passárão na Catalunha”. (Carta de Chaby, Elvas, 22.9.1863)
De todos os regimentos de infantaria presentes neste dia, apenas o 1.º Regimento de Olivença, ou Mestral, combateu no Rossilhão. 


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BIBLIOGRAFIA

- ARQUIVO HISTÓRICO MILITAR.

- ALMADA, Victorino d', Elementos para um Dicionário de Geographia e Historia Portugueza. Concelho d'Elvas e extintos de Barbacena, Villa-Boim e Villa-Fernando (2 tomos), Elvas, Typ. Elvense, 1889;
- ESPANCA, Pe. Joaquim José da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, ou Ensaio da História desta vila transtagana, corte da sereníssima Casa e Estado de Bragança, desde os tempos mais remotos até ao presente, segundo o que pode coligir seu autor (1862-1886); 
- MATTA, José Avelino da Silva e, Annaes de Elvas ou Apontamentos historicos Para a Topographia Elvense ou Breve Discripção Phisica, Politica, e Historica, Da Nobre e Sempre Leal Cidade de Elvas. Estremoz, 1859.

18 de setembro de 2017

Lecor, pelo capitão Seweloh, do 27.º de Caçadores (1827)


Nas suas Reminiscências da Campanha de 1827, o coronel Anton Adolph Friedrich von Seweloh, do 27.º Batalhão de Caçadores, Alemães, refere-se a Carlos Frederico Lecor colocando-o num estatuto quasi divino.  Não o faz com um propósito satírico, mas mostra a enorme reputação e influência do então já visconde da Laguna, não só nas Cisplatina, onde esteve quase 10 anos, como no Rio Grande. 

Lecor era uma espécie de caudilho, já se tem escrito muito sobre isso; Era, mas com a diferença que servia o imperador do Brasil, e, antes, o rei de Portugal. Ao ver-se afastado do cargo de comandante em chefe do Exército do Sul, como nos conta Seweloh, Lecor afasta-se e não instiga ações políticas, o que o distingue bastante dos caudilhos republicanos da antiga América espanhola.

Daí por dois anos, finalmente o visconde da Laguna se reforma e fixa residência no Rio de Janeiro, após 37 anos de carreira militar, sendo promovido a Marechal do Exército. O capitão von Seweloh faz de Lecor uma excelente impressão, quiçá exagerada em momentos, mas que reflete sobre a popularidade de Lecor no Rio Grande que é notada noutras fontes.

O marquês de Barbacena recebeu o comando em chefe do exercito das mãos do visconde da Laguna [finais de 1826], sendo este, sem duvida, um dos mais dignos, mais talentosos, mais instruídos, mais distintos comandantes do Brasil; julgo até não dizer de mais, colocando-o pelo menos no primeiro lugar entre os generais brasileiros, porque na Europa ou em qualquer outra parte do mundo poderia exercer seu elevado cargo com distinção, gloria e louros. Em toda a minha vida não encontrei homem tão geralmente estimado e venerado, a quem tanto poupasse a inveja, o espírito de censura.  

A província de Montevideu, por ele antes conquistada, o honrava como um pai venerando; a província do Rio Grande tinha nele uma confiança ilimitada; desde muito o esperava como um redentor; os homens ricos lhe entregavam seus cabedais e todos os dias lhe diziam que deles dispusesse como quisesse. Em poucos dias estavam centenas de carretas à sua disposição, e as tropas esfaimadas receberam dele em Santana [do Livramento] as primeiras provisões. 

O exercito o endeusava; ele era o objecto de suas preces, o objecto de seus votos, desejos e esperanças; não e possível pintar fiel e claramente tudo, a não ser que falemos dele como de um Deus. Abalava-me a presença daquele tipo, tão raro e cheio de comoção: recordo-me daquele tempo em que vi os habitantes da província de S. Pedro [do Rio Grande] se afadigarem por demonstrar seu amor ilimitado para com o mais digno guerreiro do Brasil. 

Já era um velho de 60 anos [62, mais concretamente]; tinha a nobre figura de um herói; em torno de sua bela cabeça, o céu colocara uma coroa de prata, como tão raras vezes é dada aos mortais; mas também não lhe faltava a energia nem a força; era um homem robusto, com a experiência e sabedoria de um ancião, o que é muito raro no Brasil, onde se vê muitos velhos de vigor juvenil e sem prudência alguma. 

Tal era o homem de quem o marquês de Barbacena tirou o comando. A este ultimo general precederam boatos muito desfavoráveis, unânimes e do lodos os lados repetidos, sendo necessária toda a prudência do visconde da Laguna, que recusou inclinar-se para qualquer dos muitos partidos dispostos a defende-lo e talvez muito perigosos; mas o digno general, servindo lealmente a um governo que tanto o maltratou, e por duas vezes o humilhou aos olhos de todos, não quis resistir; preferiu empregar a persuasão, a bondade, a amizade, o rigor, para debelar tudo quanto pudesse ser nocivo aos interesses de seu Imperador. 
Soldado, 27.º Batalhão de Caçadores (Ivan Wasth Rodrigues)

Fonte
SEWELOH, A. A. F., “Reminiscências da  Campanha de 1827 contra Buenos-Ayres”, Revista Trimestral do Instituto Historico, Geographico e Ethnographico do Brasil. Tomo XXXVII, Parte Primeira, Rio de Janeiro, B. L. Garnier, 1874. pp.399-462. Excerto adaptado e com ortografia modernizada. [LER]

2 de julho de 2017

Lecor aluno universitário na Real Academia de Marinha (1794-1795)


Este blogue chama-se Em Busca de Lecor por uma razão. Sou frequentemente lembrado do porquê. Desde 2005, sensivelmente, que busco constantemente este militar e periodicamente encontro nova informação. Que não nasceu em Faro, como se pensava, mas em Lisboa. Que começou a carreira como Soldado pé-de-castelo em Tavira, de forma a frequentar a aula regimental do tenente coronel Sande de Vasconcelos (um requisito para a promoção a oficial de patente), e mais algumas coisas.

Carlos Frederico Lecor, como ajudante em Portimão e depois como 1.º tenente da Artilharia de Faro, foi admitido e completou o 1.º Ano do Curso de Oficial de Marinha, na Real Academia de Marinha, em Lisboa, no ano lectivo de 1794/1795.

Encontrei a informação disponibilizada em-linha junto do Arquivos Histórico de Itamarati, do Ministério das relações Exteriores da República Federativa do Brasil, através do Rede Memória da Biblioteca Nacional. 
A pasta consiste de variados comprovativos, alvarás e cartas patentes relacionadas a Lecor, que o mesmo fez chegar ao ministério, com toda a certeza para processos relacionados com o cargo de Capitão General da Banda Oriental. Ainda não entrada no futuro Império, como Província Cisplatina, era de jure uma província espanhola ocupada.

Através desta fonte, os primeiros dois postos de Lecor como oficial são inequivocamente nomeados, tendo ele iniciado a frequência da Real Academia já com patente, com o patrocínio do Capitão General do Algarve. Na verdade, Carlos Frederico é o quarto irmão Lecor que D. Nuno Jose Fulgêncio de Mendonça e Moura, 6.º conde de Val de Reis, patrocina.

(Já indiciei no passado que muitos familiares próximos, incluindo o padrinho e tio, eram fornecedores de munição de boca, já desde a Guerra Fantástica, Carlos Frederico Krusse a certa altura responsável pelos fornecimento das tropas nos governos d'Armas do Douro e de Trás os Montes. Outras histórias para outra postagem).

“Atestados de Serviços e Nomeações”
Arquivo Histórico do Itamaraty (cota: AHI REE 00351)

Original (em-linha) [abre janela]
http://acervo.redememoria.bn.br/redeMemoria/handle/123456789/302675


De 5.10.1794 a circa 16.7.1795, frequenta o primeiro ano do curso de Marinha da Real Academia de Marinha, tendo feito exame de Aritmética, “no qual ficou plenamente approvado, para continuar na Aula”. Conclui o ano sendo aprovado em exame, estando habilitado “para passar a ouvir as Liçoens do segundo anno”. Não parece que o venha a fazer, pois em dezembro embarca na Esquadra do Brasil como 1.º tenente de artilharia, destacado do regimento na nau Príncipe Real. 

O Currículo do 1.º ano era constituído pelas seguintes disciplinas: Aritmética, Geometria, Trigonometria plana, o seu uso prático, e os princípios elementares da Álgebra até às equações de 2.º grau inclusivamente.

O curso era equivalente ao ensino universitário, mas por uma razão de exclusividade a Real Academia de Marinha não se podia chamar Universidade (facto que só cessa em 1911, quando as escolas politécnicas de Lisboa e Porto, e outras instituições, se tornam universidade de nome, se já há muito de facto). Será desta altura que Academia se consolida como o termo para as instituições militares universitárias portuguesas, até hoje - Excepção curiosa para a Escola Naval que é uma herdeira direta da real Academia.

[Documento n.º 2] 19 de Janeiro de 1795

Custodio Gomes de Villas boas, Ten.te Coronel do Regimen.to de Art.ª do Porto, com exercicio de lente efectivo da Cadeira do primeiro ano na Real Academia de Marinha

Attesto que Carlos Frederico Lecor, Ajudante de Infantaria, com exercicio na Praça de Villa Nova de Portimão, frequentou com muito zelo, e approveitamento a Aula do primeiro anno, de 5 de Outubro passado até o presente, com duas faltas com justa cauza e que fes o seu exame de Arithmetica, no qual ficou plenamente approvado, para continuar na Aula do primeiro anno do Curso da Marinha. E por assim ser verdade, lhe mandei passar a prezente, que vai por mim assignada, e firmada o sêllo desta Real Academia. Lisboa, 19 de Janeiro de 1795.

[Documento n.º 1] 16 de Julho de 1795

Custodio Gomes de Villas boas, Ten.te Coronel do Regimen.to de Art.ª do Porto, com exercicio de lente efectivo da Cadeira do primeiro ano na Real Academia de Marinha


Attesto que Carlos Frederico Lecor, Primeiro Tenente do Regimento de Artilharia do Algarve, e Discipulo da primeira Aula desta Real Academia de Marinha, tendo frequentado a mesma Aula com duas faltas com justa cauza, fes ultimamente o seu exame, no qual mereceo ser approvado para passar a ouvir as Liçoens do segundo anno. E por assim ser verdade, lhe mandei passar a prezente, que vai por mim assignada, e firmada o sêllo desta Real Academia. Lisboa, 16 de Julho de 1795.


30 de junho de 2017

Onde esteve Lecor entre 21 e 23 de Novembro de 1807, nas suas próprias palavras


Na ocasião na invasão hispano-francesa de Novembro de 1807, que Junot efectuou pela fronteira da Beira Baixa, o papel exato de Carlos Frederico Lecor nunca é devidamente aferido na historiografia. Sabe-se apenas que Lecor, em serviço no Alentejo, topou os franceses e cavalgou para Lisboa, sendo uma das pessoas que avisou a corte que os franceses já estavam em Portugal, aproximando-se sobre Lisboa. No processo terá mandado destruir a ponte de barcas sobre o rio Zêzere, facto quer envolvido num nevoeiro dos boatos.

Já muito escrevi sobre o assunto, analisando obras contemporâneas, as memórias de D. José Trazimundo Mascarenhas Barreto, então com 5 anos de idade; os livros escritos por Acúrsio das Neves (que, 2 anos depois, nega-se a falar do episódio, por haver muitas contradições) e Maximilien Foy, que mostra a perspetiva do inimigo e o atraso que sofreu para atravessar o Zêzere.

Por último li a Memória Justificativa do Marquês de Alorna, publicada anonimamente em 1823, que fornece um papel a Alorna de instigador às ações de Lecor, seu então subordinado.

Agora, encontrei finalmente a fonte primária em que Lecor descreve as suas ações nesses fatídicos dias e onde ficam plenamente explicado o papel do marquês de Alorna, a questão da ponte de barcas do Zêzere e o que aconteceu de facto. A carta é de Lecor e não tem sem destinatário explícito, mas parece ser ser dirigida a D. António Araújo de Azevedo, então ministro da Guerra.

Antes de apresentar a transcrição, apresento o primeiro parágrafo da carta do marquês de Alorna a António Araújo de Azevedo, datada de 23 de Novembro de 1807 e que informa sobre o que Alorna sabia das ações de Lecor à altura. Ambas as cartas estão no mesmo documento arquivístico, associadas pelo tema:


"Carlos Frederico Lecor, que devia hir de Montalvão a este quartel, escreveme de Villa Velha huma carta em lapes, dizendo-me que por ter visto francezes na dita Villa Velha, se rezolvia a hir a Lisboa dar parte. V S.ª lá saberá se a rezolução deste oficial foi boa, e se o foi devese inteiramente a elle, porque a tomou sobre si."

Agora, a carta escrita por Lecor, relatando as suas ações entre o dia 21 e 23 de Novembro:
Hindo a Alcantara por ordem do meu General a entregar huã carta de V. S.ª a Mr Herman [François-Antoine Herman, Cônsul de França em Lisboa desde 1806, que entretanto se havia retirado] encontrei perto de Villa Velha 
[21.11.1807 – 1600H]/ antes das quatro oras da tarde do dia 21 do corrente mez hum almocreve d’Alpalhão por nome Jose Fez [Fernandes] q me deo a noticia de ter entrado hua coluna de sinco mil homens de Tropa Franceza em Castello Branco as dez oras da noite do dia 20 q não fazião mal e q dizião q nos vinhão ajudar contra os Inglezes. Apresei a marcha para hir certificar-me da noticia, e chegando a Villa Velha não encontrei maior clareza do //que tinha espalhado o mesmo almocreve, e tratando de fazer aprontar huma cavalgadura para hir reconhecer a Tropa a nociado/a não me foi percizo sahir daquele ponto 
[21.11.1807 – 1630H]/por quanto às quatro oras e meia avistei hum corpo de Tropa Ligeira da força de 200 homens pouco mais ou menos (fardados de Branco) q se deregia para a mesma v.ª pela estrada de Castelo Branco. Rezolvi q não devia hir para diante e q o mais importante era vir dar parte a V. S.ª para evitar que V. A. R. fosse surpreendido. Passei // a Barca para a parte do sul recomendando ao Escrivão da mesma V.ª q me participasse q tropa era, [21.11.1807 – 2000H]o que fez às 8 oras da noite dizendo-me que erão Francezes. Não tendo mais q avreguar esperei q foçe dia para partir n’hum barco q devia largar. 
[22.11.1807 – 0630H]As seis oras e meia do dia 22 se puzerão os Francezes em marcha tomando a estrada de Abrantes não tendo feito cazo da Barca de V.ª Velha q eu por precaução mandei ficar da parte do sul com recomendação q fosse destruida.
Chegando Abrantes escrevi ao Capp.m Mor e a Diogo Joze de Bivar participando-lhes a entrada dos Francezes e q deregião // à quella villa e q achava a propozito q elles se prestassem de comum acordo com o juiz de Fora para fazerem deser o Tejo a todas as embarcações e Barcas da ponte mandando impossibilitar a Ponte de Punhete para demorar a Tropa Franceza na passage do Zezer e partindo imediattamente [23.11.1807 – 0800H]/cheguei a esta corte as 8 horas do dia 23.


Fonte
"OFÍCIO DO MARQUÊS DE ALORNA PARA ANTÓNIO DE ARAÚJO DE AZEVEDO", Arquivo Distrital de Braga - Coleção Linhares, PT/UM-ADB/FAM/FAA-AAA/E/03965 [ver online]

Outras postagens sobre o assunto
Fontes: A Encruzilhada da Memória (Novembro de 1807)

A Lenda da Ponte sobre o Zêzere

28 de junho de 2017

Apontamentos acerca de evento: Primeira Invasão




PRIMEIRA INVASÃO
ANTECEDENTES

19.2.1806 – Brinco do Alto da Aboboreira.
10.3.1806 – relatório do Brinco do Alto da Aboboreira, perto de Vila Viçosa.
Finais de fevereiro?
1.4.1806 – Lecor está ainda em Belém (na verdade Ajuda, Quartel da Guarda do Corpo, atual Lanceiros 2) a tomar conta da LTL enquanto Von Wiederhold não toma posse.

17.10.1807 – [Franceses, a azul, Corpo de Observação da Gironda] Recebe ordens para entrar em Espanha.
18.10.1807 – Passagem do Bidassoa (?)

9.10.1807 – Carta de Alorna a António de Araujo de Azevedo, dando conta da passagem dos embaixadores francês e espanhol e sua saída do reino. Cartas particulares de Madrid e San Sebastian indicam que se aprontam mantimentos para a passagem de 30 mil franceses. Alorna desconsidera as informações como ainda pouco fidedignas (‘De longe e para longe’). Sem data, a primeira divisão francesa já teria passado por Olite (?) em Navarra.

Desde o início de novembro que Alorna tinha ordens para observar os franceses em Alcântara. (KENNETH LIGHT)

Th = THIEBAULT

Faz sentido, pois a raia de Castelo Branco – Alcantara estava entre dois governos de armas, o da Beira, a que pertencia em termos territoriais, com o seu comando no eixo Viseu – Almeida, e o do Alentejo, em Vila Viçosa-Elvas. A maior proximidade, assim como a ponte de barcas em Vila Velha faziam com que o governador d’armas do Alentejo fosse o comando mais perto, capaz de projetar espias sobre a estrada de Castelo Branco a Abrantes.

12.11 – Saiem de Salamanca para Alcantara, em 5 dias. Junot chega a Alcantara dois dias antes. (15nov ?)

14.11 – Aviso da Secretaria a, pelo menos, o Governador interino da Beira.

17.11 – informados, em Alcantara, que em 48 horas entrarão em Portugal.

18.11 (tarde) – Um soldado do RegMil de Castelo Branco avista tropas espanholas em Zebreira, preparando quartéis para tropas francesas.

19.11 – tropas ligeiras entram em Segura.
19.11 – (1600h) Cor. Joaquim Rebelo de Trigueiros Martel, comandante do RegMil de Castelo Branco, escreve da Idanha a Nova, para o Governador d’Armas interino da Beira, Florêncio José Correia de Melo.

20.11 – Entram a 1.ª e 2.ª Divisões de Infantaria + Carafa
ENTRAM OS PRIMEIROS QUANDO?
20.11 – 2200h. Tropas francesas (5000 homens) entram em Castelo Branco.
O resto do exército vaiou o Erges, nos dias seguintes, junto a Salvaterra do Extremo
Castelo Branco. Acúrsio das Neves fala de Segura, mas pelo que deixa entender, todo o Corpo por lá terá passado, não tendo menção de Salvaterra, mas apenas que estariam muito atrasados e em grupos isolados.
20.11 – Alorna refere que Bocaciari lhe havia informado, desde Marvão, que a vanguarda francesa que tinha chegado a Alcântara, se havia extendido a Valença.

21.11 – 1600h. Lecor em Vila Velha ouve o almocreve José Fez (Fernandes?) (orig. Alpalhão) que diz que os franceses entraram em Castelo Branco às 8 da noite. “q não fazião mal e q dizião q nos vinhão ajudar contra os Inglezes”. Lecor ia de Montalvão para Vila Viçosa, em diligência (carta a Mr. Herman, em Alcantara; Alorna diz que Lecor que devia hir de Montalvão a este quartel).
21.11 – 1630h. Lecor encontra logo após sair de Vila Velha (“não me foi percizo sahir daquele ponto”) 200 tropas ligeiras, fardadas de branco. Lecor decide nesse momento que não vale a pena ir além e que devia avisar o Principe Regente: “para evitar que V. A. R. fosse surpreendido”. Foi depois para a margem sul do rio Tejo pela barca de Vila Velha.
21.11 – 2000h. O escrivão de Vila Velha confirma-lhe que as tropas eram francesas. Ficou à espera do próximo barco que largasse.

Rezolvi q não devia hir para diante e q o mais importante era vir dar parte a V. S.ª para evitar que V. A. R. fosse surpreendido. Passei // a Barca para a parte do sul recomendando ao Escrivão da mesma V.ª q me participasse q tropa era, o que fez às 8 oras da noite dizendo-me que erão Francezes. Não tendo mais q avreguar esperei q foçe dia para partir n’hum barco q devia largar.”

21.11 - Envia nota a lápis a Alorna, informando da sua decisão de ir a Lisboa. Lecor “escreveme de Villa Velha huma carta em lapes, dizendo-me que por ter visto francezes na dita Villa Velha, se rezolvia a hir a Lisboa dar parte.”

V S.ª lá saberá se a rezolução deste oficial foi boa, e se o foi devese inteiramente a elle, porque a tomou sobre si.” (Alorna, 23.11)

Alorna está cético de que a invasão já tenha começado. Fala do histerismo e pânico do povo. A comunicação de Lecor, “a lapes”, a 21, é que começa a criar alguma cautela a Alorna, que promete enviar gente a Alcantara, Valença de Alcantara e a Vila Velha.

22.11 – Às 0630h da manhã, os franceses puseram-se em marcha pela estrada de Abrantes, “não tendo feito cazo da Barca de V.ª Velha q eu por precaução mandei ficar da parte do sul com recomendação q fosse destruida”. Lecor passa o Tejo para norte de dia, no primeiro barco.


Punhete (hoje, Constância)


22.11 – Lecor chega a Abrantes e avisa as autoridades locais, recomendando-lhes que descessem os barcos todos ao rio e impossibilitassem a ponte de barcas de forma a retardar o invasor.

Fez desviar os barcos do Zêzere, o que retardou a marcha do inimigo’ – António de Araújo

23.11 – 0800h. Lecor chega a Lisboa. (demora cerca de 24 horas, parando em Abrantes). Apesar de residir em Mafra, o PR vinha despachar frequentemente ao Palácio da Ajuda. Na verdade, foi a casa do Secretário de Estado dos Negócios da Guerra, António Araújo de Azevedo.
23.11 – Serão. Guarda avançada entra em Abrantes

24.11 – Franceses chegam a Abrantes. Guarda avançada chega na noite de 23. Ac, 1999: Vanguarda entra em Abrantes às 1500, do dia 23.
24.11 – Junot entra em Abrantes de manhã.
24.11 – O Governador d’Armas interino da Beira escreve ao Secretário D. António de Araújo. Sabe da carta do coronel de Milícias de Castelo Branco às 15 horas. A carta demorou 4 dias a ir de Idanha a Nova a Viseu. Deve ter demorado mais ainda a chegar a Lisboa, decerto já a corte estaria embarcada.
24.11. – última reunião do Conselho de Estado antes do embarque.
24.11 – Ajuda. “Mr Menil entrou como parlamentar em Lisboa no dia 24 de novembro, e entregou seus despachos a Mr. De Araújo no mesmo momento em que S.A.R. recebia de tres pessoas differentes, e principalmente do general Lecor, a noticia de que a vanguarda do exercito Francez já estava em Abrantes, isto he, na distancia de vinte legoas de Lisboa.
Convocou-se imediatamente um conselho de Estado e S.A.R. decidio-se a embarcar para o Brazil pelos votos unanimes de todos os membros do conselho.”
pp.193-194: “As Quatro Coincidências de Datas” in: O Campeão Portuguez 1.9.1819 (tradução de um folheto impresso em Paris, 1819)


26.11 – Vanguarda avança para Punhete.
Santarém, 26.11.1807 – Em Santarém, foi para a Golegã. Os franceses estão em Punhete. Escreveu uma carta de Santarém (um dos correios – o primeiro?). Não tinha verificado ainda a verdadeira posição dos franceses, o que pretende fazer na Golegã.
26.11 – Família Real em Queluz antes, D. João vai para lá.

TRAVESSIA FRANCESA DO ZEZERE

27.11 – Passam o Zêzere. Encontro de Junot com José de Oliveira Barreto (que escreve carta em Golegã indicando que se encontraria com Junot a 26, em Punhete).
Ac204 – Junot dormiu na Golegã.

The bridge could not be completed before one half of the army had reached the opposite bank”.

Cartaxo, 27.11.1807 – franceses em Punhete, Campos da Golegã alagados. Não chegam a Santarém antes de 28:

Illmo. e Exmo. Senhor
Depois q tive ontem a honra de escrever a V. Ex.ª de Sattarem [sic], marchei para a Golegam a certificarme da verdadeira pozição do Exerçito Francez, e ali vim no conheçimento que ainda se achavam em Punhete: assim não he provavel que possão chegar a Sattarem antes de amanhãa, acresendo o embaraço q lhe cauzara para a sua marcha o estado quase inpraticavel dos campos da Golegam. He quanto por ora se me offresse q possa participar a V. Ex.ª,
Ds Gde a V. Ex.ª. Cartacho 27 de Novembro 1807
Carlos Frederico Lecor”

27.11 – A família real começa a embarcar ao princípio da tarde. Belém. Sai de Queluz ao meio dia, chegam ao Largo de Belém.
Hum rigo temporal cerrava a barra (Ac, 177) – nada sai
Nas praias de Belém, havia ainda pouca gente quando chegou a primeira carruagem da Casa Real, dado que se ignorava em Lisboa a hora da partida. Lisboetas de todos os sexos e idades, tristes e consternados, aglomeravam-se mais e mais, para verem algo que nunca pensariam antes ser possível: o Príncipe Regente, a Rainha, toda a família real, embarcar, partir do reino em exílio.

ACURSIO DAS NEVES 175-176: “Em Quéluz toda a manhã [D. Carlota Joaquina] tinha sido incansável em arranjar a família, e dar todas as providencias, que as circunstancias exigião: sobre o caes de Belem estava ella mesmo fazendo embarcar as criadas, e mais pessoas da comitiva, segundo a ordem, que lhes destinava, com uma presença de espírito inimitavel”

28.11 – Junot jantou em Santarém, na casa do Capitão Mor de Aviz. Previsão de Lecor do dia 27 certa. Deu molho... (ver Acúrcio)
28.11 – Hum rigo temporal cerrava a barra (Ac, 177) – nada sai


28/29.11 – Junot no Cartaxo. À 1 da manhã recebe a notícia que D. João havia embarcado.

29.11 - Parte a esquadra. Amanhecer, tempo sereno e hum vento favorável.
29.11 – Chegam a Sacavém às 20 ou 21. (Ac:206)
30.11 – Entram em Lisboa (4 batalhões). 9 horas portas de Lisboa.

Benfica - 8-10 dias que não se despia [30NOV/1DEZ] Fronteira

28 ou 29.11 – Lecor volta a Lisboa com o quarto correio. Ao chegar, ou assiste ou sabe da partida (António de Araújo). Vai a Benfica (ceia) e depois atravessa, na mesma noite, o Tejo numa barca e retorna a Vila Viçosa. No alforge, Lecor leva ordens do Príncipe Regente para que receba os franceses e espanhois como aliados, que não lhes fizesse guerra e que lhes abrisse as portas das praças.. [cit do que é um soldado]

Sei que Lecor só tem tempo de visitar brevemente o Palácio de Benfica e que retornou logo a Vila Viçosa.


Fontes

- ACURSIO DAS NEVES, José, História Geral da invasão dos Francezes em Portugal e da Restauração deste Reino (5 v.), Lisboa, Oficina de Simão Thadeo  Ferreira, 1810

- BARRETO, José Trazimundo Mascarenhas, Memórias do Marquês de Fronteira e Alorna, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1926.;