Uma das problemáticas em qualquer esforço biográfico acerca de Carlos Frederico Lecor é quando se chega aos acontecimentos de 1822 e 1823, na Cisplatina, e que envolvem a deserção de bastantes portugueses e tomada do serviço ao nóvel Império Brasileiro. Para os portugueses, uma traição; para os brasileiros, uma tomada de posição heroica, um dos seus pais fundadores.
Aproveito estarmos em Setembro, mês da independência brasileira, para falar disto, um pouco apenas, pensando em voz alta (no passo dia 7, o Brasil cumpriu 186 anos de independência).
Não estando na cabeça de Lecor nesses anos, apenas poderei especular educadamente a razão pela qual ele deixou o serviço português e abraçou a causa independentista brasileira. É óbvio também que não foram apenas acontecimentos isolados, mas toda a sua vivência, que o levaram a abraçar o novo país.
Alguns autores apontam para uma pretensão por parte do governo português de trocar a Cisplatina por Olivença, negócio a fazer com Espanha e que resultaria na volta da potência colonizadora ibérica à Banda Oriental, em revolta desde, pelo menos, 1811. Este rumor terá inicialmente destinado Lecor a desligar-se do seu país.
A minha questão, no entanto, é saber até que ponto o pensamento político de Lecor não será a chave desta questão. A independência do Brasil está intimamente ligada à burguesia mercantil brasileira, à sua relação com a Inglaterra e, fundamentalmente, com o espírito liberal da época.
Poderemos também especular que a classe a que Lecor pertencia não lhe oferecia uma ligação forte à terra, acumulando isso com uma carreira militar errante, sem domicílio fixo. Também é de notar que Lecor vinha de uma família de imigrantes, mercadores estrangeiros que se haviam fixado em Portugal há menos de um século.
Por outro lado, há que tomar em conta uma veia conservadora em Lecor, que o terá feito, de certa forma, hostil às Cortes de Lisboa, as mesmas que planeavam a troca da Cisplatina. Muitos encontram no Brasil um refúgio do liberalismo selvagem da burguesia lisboeta e portuense. Muitos viram ainda em D. Pedro um líder forte, ao contrário do temeroso D. João VI, agora refém de Lisboa.
De notar que a presença das Cortes não se manifestava apenas em cartas e pressões do outro lado do Atlântico, mas das mais próximas pressões dos seus próprios subordinados da Divisão de Voluntários Reais, que frequentemente se amotinavam aos mais variados níveis, mesmo um dos seus coroneis, Claudino Pimentel, comandante do 1.º Regimento de Infantaria, em 1821, e que culminou na criação do Conselho Militar - que Lecor, a contra gosto, aceitou.
Pedindo desde já desculpa ao caro Leitor pela caoticidade destas minhas linhas, prometo em breve lançar-me mais consistentemente à descoberta deste período, armando uma interpretação mais coerente.
Aproveito estarmos em Setembro, mês da independência brasileira, para falar disto, um pouco apenas, pensando em voz alta (no passo dia 7, o Brasil cumpriu 186 anos de independência).
Não estando na cabeça de Lecor nesses anos, apenas poderei especular educadamente a razão pela qual ele deixou o serviço português e abraçou a causa independentista brasileira. É óbvio também que não foram apenas acontecimentos isolados, mas toda a sua vivência, que o levaram a abraçar o novo país.
Alguns autores apontam para uma pretensão por parte do governo português de trocar a Cisplatina por Olivença, negócio a fazer com Espanha e que resultaria na volta da potência colonizadora ibérica à Banda Oriental, em revolta desde, pelo menos, 1811. Este rumor terá inicialmente destinado Lecor a desligar-se do seu país.
A minha questão, no entanto, é saber até que ponto o pensamento político de Lecor não será a chave desta questão. A independência do Brasil está intimamente ligada à burguesia mercantil brasileira, à sua relação com a Inglaterra e, fundamentalmente, com o espírito liberal da época.
Poderemos também especular que a classe a que Lecor pertencia não lhe oferecia uma ligação forte à terra, acumulando isso com uma carreira militar errante, sem domicílio fixo. Também é de notar que Lecor vinha de uma família de imigrantes, mercadores estrangeiros que se haviam fixado em Portugal há menos de um século.
Por outro lado, há que tomar em conta uma veia conservadora em Lecor, que o terá feito, de certa forma, hostil às Cortes de Lisboa, as mesmas que planeavam a troca da Cisplatina. Muitos encontram no Brasil um refúgio do liberalismo selvagem da burguesia lisboeta e portuense. Muitos viram ainda em D. Pedro um líder forte, ao contrário do temeroso D. João VI, agora refém de Lisboa.
De notar que a presença das Cortes não se manifestava apenas em cartas e pressões do outro lado do Atlântico, mas das mais próximas pressões dos seus próprios subordinados da Divisão de Voluntários Reais, que frequentemente se amotinavam aos mais variados níveis, mesmo um dos seus coroneis, Claudino Pimentel, comandante do 1.º Regimento de Infantaria, em 1821, e que culminou na criação do Conselho Militar - que Lecor, a contra gosto, aceitou.
Pedindo desde já desculpa ao caro Leitor pela caoticidade destas minhas linhas, prometo em breve lançar-me mais consistentemente à descoberta deste período, armando uma interpretação mais coerente.
1 comentário:
Por mim, pode continuar , caro Jorge.
Já estava com saudades dos S/Posts.
Comprei agora um livro sobre as campanhas da Cisplatina da coleção das campanhas.
João Centeno
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