Ando a ler o 1822, de Laurentino Gomes (Porto Editora) e, apesar de não ter a mesma força e consistência que o 1808, não deixa de continuar mostrar a boa prosa do autor e a capacidade de contar a História de uma forma articulada e consistente. Ainda que o título seja 1822, de facto Laurentino Gomes foca a sua narrativa no Imperador D. Pedro I e vai por 1823 até 1824.
É de louvar especialmente a grande capacidade do autor de 1822 em relacionar o passado com o presente, sem nunca abandonar o primeiro e sempre com forte pertinência.
Um ponto negativo, porém, para o conhecimento que o autor dispõe acerca da Cisplatina e do nosso amigo Lecor, mesmo que os acontecimentos no sul do Brasil não sejam diretamente focados na obra.
Ainda assim, será de indicar que Carlos Frederico Lecor era já Barão da Laguna desde 6 de Fevereiro de 1818 (o autor coloca-o como Barão a haver em 1822).
Por último, Álvaro da Costa não comandou apenas um regimento, mas sim a Divisão de Voluntários Reais, desfalcada, mas uma divisão (e tropas avulsas, como os Batalhões de Libertos e Milícias locais uruguaias).
Em conclusão, um livro a ler, com especial enfase da minha parte na teoria, original de Sérgio Buarque da Holanda, de que a Guerra da Independência Brasileira, foi, nos estrato da oficialidade superior, uma espécie de guerra civil portuguesa, liberais conservadores (no Brasil) vs. Cortes.