O anjo do Brasil então havia
Para as partes do Sul seu vôo erguido
Onde as tropas de Lisia ora regia
O portuguez Lecor, varão subido:
O Anjo em suas visceras ascendia
Seu fogo, e nelle já todo encendido
Se-dedicava, em sua intensidade,
Em favor da Brasilea Liberdade.
Mas prevendo este effeito o negro Abysmo,
Para as parte do Sul tambem voava
Com apressado vôo o Despostismo
Onde p’ra si desgraças encarava!
Voa com ele o mis’ro Servilismo,
Que neste empenho tanto o-ajudava!
E mal que nesse ponto ambos chegaram,
No esp’rito de Dom Alv’ro penetraram.
Tenta Lecor os seus ver dedicados
Ao Brasil onde, crê toda a justiça:
Mas aos lusos, por Alv’ro já ganhados,
Contra o Brasil o Servilismo atiça!
De Lecor os esforços são baldados,
Tanto póde de Alvaro a cobiça!
Deixou então Lecor seus companheiros,
Se-votando aos valentes Brasileiros!
Embora, ó luso, general honrado,
Com venturoso, e radiante effeito
Não fosse o teu esforço coroado,
O que tu viste com mortal despeito!
Tu serás no Brasil sempre lembrado
Por esse eterno, e glorioso feito!
Um nome te-concede a Eternidade
No templo da suprema Liberdade!
in: Canto XI.
António Gonçalves Teixeira e Sousa, A Independência do Brasil – Poema Épico em 12 Cantos, 1855 (2.º Volume), RJ: Tip. 2 de Dezembro do P. Brito