Igreja da Misericórida, Vila Viçosa |
Illmo. e Exmo. Snr.
Fernando Ferro, Anspessada da 2.º Companhia do Regimento de
Infantaria n.º 20, disputando com Onofre Jozé da Silva, Soldado da 6.ª
Companhia do Regimento de Infantaria n.º 15, acabou dizendo que não
sahiria de Villa Viçoza, sem fazer hum pincel de bigodes dos Granadeiros
de Olivença, este segundo, picando-se do brio de que esta Nação hé tão
susceptivel, com grande disconto de ser mal criado, puchou por huma
navalha, dêolhe huma facada, e fugio.
O Commandante do Regimento tirou deste cazo a vantagem de reprezentar a indignidade da arma curta, empregada por hum soldado que professa valentia, e lialdade, e que se dezonra dobradamente, quando comete acção traidora com arma traidora.
Quando todos estavão persuadidos disto, entra o criminozo pelo quartel, dizendo que tinha cometido o crime, e que alli vinha para lhe fazerem o que quizesse ; foi prêzo.
Pela Semana Santa, estando eu na Mizericordia, dizem-me que o soldado de Campomaior me queria falar, e o que quis foi perdoar ao seu assassino, e pedirme incarecidamente que o mandasse soltar.
Não o mandei soltar, mas mandeio buscar, e contei-lhe o que estava sucedendo – ao que elle respondeo // tu já me perdoaste, mas eu sempre te quero pedir perdão; e deitandoselhe aos pés, perdoame Ferro.
Neste cazo que eu não podia dicidir, dicidi em Nome de Sua Alteza Real, que ficasse solto, e espero que Sua Alteza Real me fassa a honra de memandar dizer que fiz bem.
O Commandante do Regimento tirou deste cazo a vantagem de reprezentar a indignidade da arma curta, empregada por hum soldado que professa valentia, e lialdade, e que se dezonra dobradamente, quando comete acção traidora com arma traidora.
Quando todos estavão persuadidos disto, entra o criminozo pelo quartel, dizendo que tinha cometido o crime, e que alli vinha para lhe fazerem o que quizesse ; foi prêzo.
Pela Semana Santa, estando eu na Mizericordia, dizem-me que o soldado de Campomaior me queria falar, e o que quis foi perdoar ao seu assassino, e pedirme incarecidamente que o mandasse soltar.
Não o mandei soltar, mas mandeio buscar, e contei-lhe o que estava sucedendo – ao que elle respondeo // tu já me perdoaste, mas eu sempre te quero pedir perdão; e deitandoselhe aos pés, perdoame Ferro.
Neste cazo que eu não podia dicidir, dicidi em Nome de Sua Alteza Real, que ficasse solto, e espero que Sua Alteza Real me fassa a honra de memandar dizer que fiz bem.
Deus Guarde a V. Ex.ª m. ann. Villa Viçoza. 27 de Março de 1807.
Illmo. e Exmo. Snr. Antonio de Araujo de Azevedo
Marquez d’Alorna
[Transcrito do Arquivo Histórico Militar, 1.ª Divisão, 13.ª Seção, Caixa
n.º 25, n.º 8 - Adaptado ligeiramente, com negrito meu, indicando vocativo e assinatura da carta]
1 comentário:
O que é uma bela história foi realmente muito bom ler coisas como você, enquanto você está relaxado pedir comida em restaurantes em sao paulo
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