ANTECEDENTES
19.2.1806
– Brinco do Alto da Aboboreira.
10.3.1806
– relatório do Brinco do Alto da Aboboreira, perto de Vila Viçosa.
Finais
de fevereiro?
1.4.1806
– Lecor está ainda em Belém (na verdade Ajuda, Quartel da Guarda
do Corpo, atual Lanceiros 2) a tomar conta da LTL enquanto Von
Wiederhold não toma posse.
17.10.1807
– [Franceses, a azul, Corpo de Observação da Gironda] Recebe ordens para entrar em Espanha.
18.10.1807
– Passagem do Bidassoa (?)
9.10.1807
– Carta de Alorna a António de Araujo de Azevedo, dando conta da
passagem
dos embaixadores francês e espanhol e sua saída do reino.
Cartas particulares de Madrid e San Sebastian indicam que se aprontam
mantimentos para a passagem de 30 mil franceses. Alorna desconsidera
as informações como ainda pouco fidedignas (‘De longe e para
longe’). Sem data, a primeira divisão francesa já teria passado
por Olite (?) em Navarra.
Desde
o início de novembro que Alorna tinha ordens para observar os
franceses em Alcântara. (KENNETH LIGHT)
Th
= THIEBAULT
Faz
sentido, pois a raia de Castelo Branco – Alcantara estava entre
dois governos de armas, o da Beira, a que pertencia em termos
territoriais, com o seu comando no eixo Viseu – Almeida, e o do
Alentejo, em Vila Viçosa-Elvas. A maior proximidade, assim como a
ponte de barcas em Vila Velha faziam com que o governador d’armas
do Alentejo fosse o comando mais perto, capaz de projetar espias
sobre a estrada de Castelo Branco a Abrantes.
12.11
– Saiem de Salamanca para Alcantara, em 5 dias. Junot chega a
Alcantara dois dias antes. (15nov ?)
14.11
– Aviso da Secretaria a, pelo menos, o Governador interino da
Beira.
17.11
– informados, em Alcantara, que em 48 horas entrarão em Portugal.
18.11
(tarde) – Um soldado do RegMil de Castelo Branco avista tropas
espanholas em Zebreira, preparando quartéis para tropas francesas.
19.11
– tropas ligeiras entram em Segura.
19.11
– (1600h) Cor. Joaquim Rebelo de Trigueiros Martel, comandante do
RegMil de Castelo Branco, escreve da Idanha a Nova, para o Governador
d’Armas interino da Beira, Florêncio José Correia de Melo.
20.11
– Entram a 1.ª e 2.ª Divisões de Infantaria + Carafa
ENTRAM
OS PRIMEIROS QUANDO?
20.11
– 2200h. Tropas francesas (5000 homens) entram
em Castelo Branco.
O
resto do exército vaiou o Erges, nos dias seguintes, junto a
Salvaterra do Extremo
Castelo
Branco. Acúrsio das Neves fala de Segura, mas pelo que deixa
entender, todo o Corpo por lá terá passado, não tendo menção de
Salvaterra, mas apenas que estariam muito atrasados e em grupos
isolados.
20.11
– Alorna refere que Bocaciari lhe havia informado, desde Marvão,
que a vanguarda francesa que tinha chegado a Alcântara, se havia
extendido a Valença.
21.11
– 1600h. Lecor em Vila Velha ouve o almocreve José Fez
(Fernandes?) (orig. Alpalhão) que diz que os franceses entraram em
Castelo Branco às 8 da noite. “q não fazião mal e q dizião q
nos vinhão ajudar contra os Inglezes”. Lecor ia de Montalvão para
Vila Viçosa, em diligência (carta a Mr. Herman, em Alcantara;
Alorna diz que Lecor que devia hir de Montalvão a este quartel).
21.11
– 1630h. Lecor encontra logo após sair de Vila Velha (“não me
foi percizo sahir daquele ponto”) 200 tropas ligeiras, fardadas de
branco. Lecor decide nesse momento que não vale a pena ir além e
que devia avisar o Principe Regente: “para evitar que V. A. R.
fosse surpreendido”. Foi depois para a margem sul do rio Tejo pela
barca de Vila Velha.
21.11
– 2000h. O escrivão de Vila Velha confirma-lhe que as tropas eram
francesas. Ficou à espera do próximo barco que largasse.
“Rezolvi
q não devia hir para diante e q o mais importante era vir dar parte
a V. S.ª para evitar que V. A. R. fosse surpreendido. Passei // a
Barca para a parte do sul recomendando ao Escrivão da mesma V.ª q
me participasse q tropa era, o que fez às 8 oras da noite dizendo-me
que erão Francezes. Não tendo mais q avreguar esperei q foçe dia
para partir n’hum barco q devia largar.”
21.11
- Envia nota a lápis a Alorna, informando da sua decisão de ir a
Lisboa. Lecor “escreveme de Villa Velha huma carta em lapes,
dizendo-me que por ter visto francezes na dita Villa Velha, se
rezolvia a hir a Lisboa dar parte.”
“V
S.ª lá saberá se a rezolução deste oficial foi boa, e se o foi
devese inteiramente a elle, porque a tomou sobre si.” (Alorna,
23.11)
Alorna
está cético de que a invasão já tenha começado. Fala do
histerismo e pânico do povo. A comunicação de Lecor, “a lapes”,
a 21, é que começa a criar alguma cautela a Alorna, que promete
enviar gente a Alcantara, Valença de Alcantara e a Vila Velha.
22.11
– Às 0630h da manhã, os franceses puseram-se em marcha pela
estrada de Abrantes, “não tendo feito cazo da Barca de V.ª Velha
q eu por precaução mandei ficar da parte do sul com recomendação
q fosse destruida”. Lecor passa o Tejo para norte de dia, no
primeiro barco.
22.11
– Lecor chega a Abrantes e avisa as autoridades locais,
recomendando-lhes que descessem os barcos todos ao rio e
impossibilitassem a ponte de barcas de forma a retardar o invasor.
‘Fez
desviar os barcos do Zêzere, o que retardou a marcha do inimigo’ –
António de Araújo
23.11
– 0800h. Lecor chega a Lisboa. (demora cerca de 24 horas, parando
em Abrantes). Apesar de residir em Mafra, o PR vinha despachar
frequentemente ao Palácio da Ajuda. Na verdade, foi a casa do
Secretário de Estado dos Negócios da Guerra, António Araújo de
Azevedo.
23.11
– Serão. Guarda avançada entra em Abrantes
24.11
– Franceses chegam a Abrantes. Guarda avançada chega na noite de
23. Ac, 1999: Vanguarda entra em Abrantes às 1500, do dia 23.
24.11
– Junot entra em Abrantes de manhã.
24.11
– O Governador d’Armas interino da Beira escreve ao Secretário
D. António de Araújo. Sabe da carta do coronel de Milícias de
Castelo Branco às 15 horas. A
carta demorou 4 dias a ir de Idanha a Nova a Viseu. Deve ter demorado
mais ainda a chegar a Lisboa, decerto já a corte estaria embarcada.
24.11.
– última reunião do Conselho de Estado antes do embarque.
24.11
– Ajuda. “Mr Menil entrou como parlamentar em Lisboa no dia 24 de
novembro, e entregou seus despachos a Mr. De Araújo no mesmo momento
em que S.A.R. recebia de tres pessoas differentes, e principalmente
do general Lecor, a noticia de que a vanguarda do exercito Francez já
estava em Abrantes, isto he, na distancia de vinte legoas de Lisboa.
Convocou-se
imediatamente um conselho de Estado e S.A.R. decidio-se a embarcar
para o Brazil pelos votos unanimes de todos os membros do conselho.”
pp.193-194:
“As Quatro Coincidências de Datas” in: O Campeão Portuguez
1.9.1819 (tradução de um folheto impresso em Paris, 1819)
26.11
– Vanguarda avança para Punhete.
Santarém,
26.11.1807 – Em Santarém, foi para a Golegã. Os franceses estão
em Punhete. Escreveu uma carta de Santarém (um dos correios – o
primeiro?). Não tinha verificado ainda a verdadeira posição dos
franceses, o que pretende fazer na Golegã.
26.11
– Família Real em Queluz antes, D. João vai para lá.
TRAVESSIA
FRANCESA DO ZEZERE
27.11
– Passam o Zêzere. Encontro de Junot com José de Oliveira Barreto
(que escreve carta em Golegã indicando que se encontraria com Junot
a 26, em Punhete).
Ac204
– Junot dormiu na Golegã.
“The
bridge could not be completed before one half of the army had reached
the opposite bank”.
Cartaxo,
27.11.1807 – franceses em Punhete, Campos da Golegã alagados. Não
chegam a Santarém antes de 28:
“Illmo.
e Exmo. Senhor
Depois
q tive ontem a honra de escrever a V. Ex.ª de Sattarem [sic],
marchei para a Golegam a certificarme da verdadeira pozição do
Exerçito Francez, e ali vim no conheçimento que ainda se achavam em
Punhete: assim não he provavel que possão chegar a Sattarem antes
de amanhãa, acresendo o embaraço q lhe cauzara para a sua marcha o
estado quase inpraticavel dos campos da Golegam. He quanto por ora se
me offresse q possa participar a V. Ex.ª,
Ds
Gde a V. Ex.ª. Cartacho 27 de Novembro 1807
Carlos
Frederico Lecor”
27.11
– A família real começa a embarcar ao princípio da tarde. Belém.
Sai de Queluz ao meio dia, chegam ao Largo de Belém.
Hum
rigo temporal cerrava a barra (Ac, 177) – nada sai
Nas
praias de Belém, havia ainda pouca gente quando chegou a primeira
carruagem da Casa Real, dado que se ignorava em Lisboa a hora da
partida. Lisboetas de todos os sexos e idades, tristes e
consternados, aglomeravam-se mais e mais, para verem algo que nunca
pensariam antes ser possível: o Príncipe Regente, a Rainha, toda a
família real, embarcar, partir do reino em exílio.
ACURSIO
DAS NEVES 175-176: “Em Quéluz toda a manhã [D. Carlota Joaquina]
tinha sido incansável em arranjar a família, e dar todas as
providencias, que as circunstancias exigião: sobre o caes de Belem
estava ella mesmo fazendo embarcar as criadas, e mais pessoas da
comitiva, segundo a ordem, que lhes destinava, com uma presença de
espírito inimitavel”
28.11
– Junot jantou em Santarém, na casa do Capitão Mor de Aviz.
Previsão de Lecor do dia 27 certa. Deu molho... (ver Acúrcio)
28.11
– Hum
rigo temporal cerrava a barra
(Ac, 177) – nada sai
28/29.11
– Junot no Cartaxo. À 1 da manhã recebe a notícia que D. João
havia embarcado.
29.11
- Parte a esquadra. Amanhecer, tempo sereno e hum vento favorável.
29.11
– Chegam a Sacavém às 20 ou 21. (Ac:206)
30.11
– Entram em Lisboa (4 batalhões). 9 horas portas de Lisboa.
Benfica
- 8-10 dias que não se despia [30NOV/1DEZ] Fronteira
28
ou 29.11 –
Lecor volta a Lisboa com o quarto correio. Ao chegar, ou assiste ou
sabe da partida (António de Araújo). Vai a Benfica (ceia) e depois
atravessa, na mesma noite, o Tejo numa barca e retorna a Vila Viçosa.
No alforge, Lecor leva ordens do Príncipe Regente para que receba os
franceses e espanhois como aliados, que não lhes fizesse guerra e
que lhes abrisse as portas das praças.. [cit do que é um soldado]
Sei
que Lecor só tem tempo de visitar brevemente o Palácio de Benfica e
que retornou logo a Vila Viçosa.
Fontes
- ACURSIO DAS NEVES, José, História Geral da invasão dos Francezes em Portugal e da Restauração deste Reino (5 v.), Lisboa, Oficina de Simão Thadeo Ferreira, 1810
- BARRETO, José Trazimundo Mascarenhas, Memórias do Marquês de Fronteira e Alorna, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1926.;
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