Corriam os últimos dias de Novembro de 1807, mais especificamente o 23, quando Carlos Frederico Lecor, nosso heroi, topou a vanguarda do Exército Francês na zona do Sardoal, a caminho de Abrantes. Como lhe fora ordenado pelo General Marquês de Alorna, a sua missão era clara, correr a avisar o governo e o Príncipe Regente. Fê-lo, de Abrantes a Lisboa (ao palácio real da Ajuda, diz-nos Luz Soriano), em 30 horas.
Aparece-nos, já havia dito noutro post, o tenente-coronel Lecor pela primeira vez na história, e de forma bombástica. Não só disse "Vêm aí os Franceses!", como todos diziam, mas disse especificamente aonde eles estavam e em quanto tempo chegariam a Lisboa.
Esta cavalgada foi uma de esforço, feita por um homem que sabia bem o valor da informação que tinha. O 5.º Marquês de Fronteira lembra-se, nas suas memórias, da noite em que Lecor parou no palácio em Benfica, sujo, cansado e trazendo cartas do tio Alorna. Impressões fortes num moço de 6 anos, então já Marquês.
Mas heis que numa história de competência e devoção ao serviço aparece o mito, do nada, escorreito e nas brumas da tradição oral. Ou isso ou erro crasso, prefiro o mito do heróico filho da Pátria:
Aparece-nos, já havia dito noutro post, o tenente-coronel Lecor pela primeira vez na história, e de forma bombástica. Não só disse "Vêm aí os Franceses!", como todos diziam, mas disse especificamente aonde eles estavam e em quanto tempo chegariam a Lisboa.
Esta cavalgada foi uma de esforço, feita por um homem que sabia bem o valor da informação que tinha. O 5.º Marquês de Fronteira lembra-se, nas suas memórias, da noite em que Lecor parou no palácio em Benfica, sujo, cansado e trazendo cartas do tio Alorna. Impressões fortes num moço de 6 anos, então já Marquês.
Mas heis que numa história de competência e devoção ao serviço aparece o mito, do nada, escorreito e nas brumas da tradição oral. Ou isso ou erro crasso, prefiro o mito do heróico filho da Pátria:
«Cette nouvelle fut apportée à Lisbonne par le lieutenant-colonel Lecor (Charles-Frédéric), qui avait fait détruire le pont sur le Zezere, ce qui retarda de deux jours la marche de Junot». Benjamin Mossé, Dom Pedro II – Empereur du Brésil, 1889 - p. 4
Lecor, vendo a gravidade da situação e para preservar a Rainha e a Santa Religião, destruiu a ponte de barcas sobre o Zezere, junto a Punhete (hoje Constância). É imaginá-lo, na margem oposta, luminoso, passando a sua espada nas últimas cordas e empurrando as barcas para que se juntassem ao Tejo, um pouco mais a jusante.
A verdade é que se Lecor fizesse isso, seria um mau oficial, não só actuando sem ordens, como eliminando uma passagem estratégica tão importante para franceses como para uma eventual defesa portuguesa; ainda que ele próprio já soubesse não haver planos nem força para uma defesa. A missão dele era clara e cumpriu-a.
No entanto, o desejo e necessidade de herois no Portugal daquele momento era grande. Era importante ter homens que sozinhos conseguissem parar os franceses, pela sua inteligência e coragem.
Fica pois esta imagem de Lecor destruidor de pontes, atrasador de invasores, Heroi com H grande. O único que resistiu aos franceses, que ignorou ordens e simplesmente resistiu.
Mas não é assim Lecor; Lecor obedeceu às ordens e, meus amigos, era disto que Portugal, apesar de tudo, precisava e que finalmente em 1809 e até 1814 veio a dar muito jeito.
Parte II em http://lecor.blogspot.pt/2008/05/lenda-da-ponte-sobre-o-zzere-ii.html
Vide Post sobre o mesmo assunto aqui.
A verdade é que se Lecor fizesse isso, seria um mau oficial, não só actuando sem ordens, como eliminando uma passagem estratégica tão importante para franceses como para uma eventual defesa portuguesa; ainda que ele próprio já soubesse não haver planos nem força para uma defesa. A missão dele era clara e cumpriu-a.
No entanto, o desejo e necessidade de herois no Portugal daquele momento era grande. Era importante ter homens que sozinhos conseguissem parar os franceses, pela sua inteligência e coragem.
Fica pois esta imagem de Lecor destruidor de pontes, atrasador de invasores, Heroi com H grande. O único que resistiu aos franceses, que ignorou ordens e simplesmente resistiu.
Mas não é assim Lecor; Lecor obedeceu às ordens e, meus amigos, era disto que Portugal, apesar de tudo, precisava e que finalmente em 1809 e até 1814 veio a dar muito jeito.
Parte II em http://lecor.blogspot.pt/2008/05/lenda-da-ponte-sobre-o-zzere-ii.html
Vide Post sobre o mesmo assunto aqui.
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